quinta-feira, 14 de dezembro de 2006

Vem e me descobre que o que me cobre é gelo,
vem que eu te ensino como me esquentar.

Diva Brito
10/12/2006


Um feiche de luz do velho candieiro
veio, pra minha sorte, alumiar seu olhar
cegou os meus olhos toda aquela beleza
que dentro deles pude enxergar
vi neles a certeza de "a que veio"
e que o meu sentimento fez despertar.
Depois da visão quero todos os beijos.
Quero tudo que neles eu pude avistar.

Diva Brito
10/12/2006

quarta-feira, 13 de dezembro de 2006

CONTO

Eu espero de pé ele descer a escada. De pé eu consigo um ângulo melhor de visão, consigo observar e definir a proporção do impacto que ele causa no meu corpo quando eu o vislumbro ainda que à distância. Eu não sei dizer porque, mas mesmo sabendo da vulnerabilidade adquirida desde que ele entrou no meu caminho, ainda assim me lanço de maneira suicida na história que existe entre nós. Gosto de ver seu peito inflar quando ele respira fundo e quando expira ele quase suspira, a dança que seu corpo faz quando ele anda e posso sentir a sua pisada forte. Gosto do jeito que ele para e coloca a mão na cabeça quando está cansado ou preocupado, da expressão séria que ele faz quando está concentrado e algo, gosto do jeito que ele coça a barba quando está só pensando, gosto dessa masculinidade que ele tem, e da sexualidade que ele exala.
Nele eu gosto até quando é implicante, quando fica se exibindo, tentando mostrar que sabe mais ou que está certo.
Eu não consigo descrever por inteiro a reação do meu corpo no exato instante que ele surge no alto da escada com a cara de quem é sério e muito comportado. Sem sorrisos, sem expressão amigável ou cordial. Mas aquilo não é suficiente pra me intimidar. Mesmo com o corpo todo resfriado, por uma espécie de ar condicionado que é ativado dentro de mim e me dá aquela famosa sensação de “frio na barriga”, eu consigo soltar no canto dos meus lábios um sorriso sarcástico. Porque afinal, eu sei que aquela cara fechada é só uma fachada. Meu corpo todo treme, eu nem me atrevo a esticar a mão pra pegar algo leve, pra não me denunciar pelas mãos tremendo. Meus batimentos cardíacos estão acelerados, nem sei quanto, mas estão muito acelerados. Eu gosto dessa sensação de adrenalina de quando ele está por perto. Acho que se aproxima das sensações de medo e da paixão. Mas eu não sou apaixonada por ele, tenho plena consciência também que é algo que vai além do puro tesão. Não é algo que envolva só a carne ou só a emoção, mas nem por isso se aproxima do amor.
Não vou me alongar tentando descrever uma coisa que ninguém até hoje nunca me conceituou.
Pois então, ele desceu, passou por mim sem manifestar nenhum cumprimento, caminhou pela sala e sentou-se na poltrona que ficava de costas pra uma janela grande de vidro. Tirou da caixinha que ficava na mesinha ao lado da poltrona, um charuto e o cortador e um isqueiro de prata. Ele cortou a ponta do charuto e o acendeu. Eu permaneci ali, parada acompanhando com os olhos os mínimos movimentos daquele homem que aparentava não ter só os 40 anos que ele realmente tinha. Ele parecia levar consigo pelo menos dois séculos de vida, mas ainda assim, mesmo com toda essa experiência nos ombros, não sabia disfarçar completamente seu interesse por uma garotinha de 17 anos. Eu decidi então sentar na poltrona que ficava de frente pra dele, e continuei comendo seus movimentos com os olhos famintos de conhecer o outro lado daquele homem de olhos da cor de ouro velho. Em pouco tempo ele se incomodou com a minha atitude e buscou um jornal pra fugir dos meus olhos. Eu fui até ele, andando e balançando o meu rabo de cavalo preso no topo da cabeça e o vestidinho branco de algodão, que só não escorregava pelo meu corpo por que duas alçinhas bem finas o prendia por um laçinho na altura dos ombros. Parei na frente dele, arranquei o jornal e olhei dentro dos olhos e o estendi a mão. Vi nos fundo dos olhos dele, ele despencar daquela postura de inabalável e se desmontar aquela fortaleza. Por um segundo senti que ele seguraria minha mão, mas ele lutava resistentemente contra o desejo dentro dele. A máscara havia caído. Ele não precisava ter segurado minha mão pra eu saber que ele me quer, bastou os olhos dele me contarem, os músculos dele se contraírem, bastou a inevitável expressão de quem está tentado, pra ele deixar escapar o homem sem casca que me desejava cada vez que eu surgia pela casa em suas madrugadas insones. Tudo bem que eu sinto tudo ao mesmo tempo, frio calor, tesão, medo. Eu nunca disfarcei. Ele não, ele sentia muito mais, ele sentia raiva de si mesmo por não se permitir a entrega. E saber disso me colocou no domínio. Agora eu sei o que ele sente, e a forma com que sente. Agora eu dou as cartas, e eu faço as regras.


Diva Brito
13/12/2006

quarta-feira, 6 de dezembro de 2006

O amor burro é cego por opção.
Insiste em bater de testa,
e não querer enxergar a totalidade das coisas.
O amor "safo" é aquele que enxerga, mas finge que não.


Diva Brito
06/12/2006

quarta-feira, 29 de novembro de 2006

Ah...quem flor de mim?
Se eu desmaio ou, abrupta,
Cuspo os espinhos que engoli?
Inatas, intactas,
são farpas de mim
insípiando o produto meu
que não fiz, não produzi.
Fecho a caixas de cenas
que roubavam risos
Ergo a lança que atravessa-me
e grito o medo de viver morta assim.


Diva Brito
21/10/2006

INVASÃO

Deixe me ferir-te com meus beijos
Romper essas visões que mira sem querer
Permita que eu posso invadir você
Derrubar as cercas dos seus pensamentos avulsos
Penetrar em cada viés de ti.
Ah...me deixa ficara qui afogada na sua boca
Morrendo subitamente no prazer do teu sexo.
Esqueça-me aqui, pois tua alma é tudo que eu quero.

Diva Brito
09/11/2006

quinta-feira, 23 de novembro de 2006

DIVINO LIRISMO

Escreve Diva!
Escreve pra mim,
Quem pede não sou eu...
É a minha inspiração!
É a minha fome de versos...
É a combinação da vida minha com suas palavras
Perfeitamente bem colocadas!
Escreve Diva...
Tu que és literalmente a Diva!
Porque cada frase tão bem elaborada
Fica rodopiando em minha mente,
e vai tomando meu corpo como um vírus...
Então escreve pra mim...
(implora minha inspiração)
Escreve que assim eu renasço com emoção!

Milena Palladino
12/09/2006

terça-feira, 21 de novembro de 2006

Ela inventou a alegria
E me apresentou a euforia
Foi ela, a dona da festa
A menina que brilha
Acompanhada de tudo
Que é seu e resplandece.
Ela tem toda graça
E o poder de fazer,
por si só, seu carnaval.
Ali, na praia, na chuva, na praça,
Derrama sorrisos por onde passa,
E assim do seu lado,
o mundo não é nada mal.
Vem ela, a dona da festa
E fica pra sempre em minha história.
Vem ela, e traz sua invenção,
E laça de vez o meu coração.

Diva Brito
21/11/2006

(Inspirado em Aiana Fiterman)

sexta-feira, 17 de novembro de 2006

Chega de ter medo de perde o chão,
de "pular de pára-quedas no escuro".
A sensação de plenitude de sentir os dedos,
me contornando esta boca tão só sua,
e sua voz me repetindo o mantra
que aconchega e sossega minha alma.
Ali, eu, sedenta de dias vividos ao teu lado,
tento eternizar os seus beijos e seu sorriso,
não duvidar dessa paz, e me permitir.


Diva Brito
17/11/2006

quarta-feira, 15 de novembro de 2006

O EFEITO DO PRIMEIRO SOU

Eu sou a marca da minha violência
A arrogância da minha exigência
A imperfeição da minha criação
Mas também fico a ser outras coisas
A cadência do som que me invade
A liberdade que existe na arte
A loucura do poeta que é ator
Sou agora o que antes não seria
Nem que quisesse, nem que gritasse
Nem sob ordem, teimosia ou chororô.
Sou agora porque me encontraste
E sob tanta pedra me enxergaste.
Eis o efeito do primeiro sou.

Diva Brito
13/11/2006

quinta-feira, 9 de novembro de 2006

Tenho medo das coisas
Que sinto e ainda não conheço
Daquilo que eu sempre disse
“Isso nunca farei”
Tenho medo das situações
Nunca vividas antes
E que descortinam uma mulher
Uma louca que eu não sei
Mas sou eu.
Tenho vergonha da passionalidade
Que me arrouba de forma pulsante
Latente e ardente
Tenho medo do que faço com os dentes
Se te mordo, te bato, te beijo,
Roubo-te a razão.
Tenho medo de um dia conhecer o "não"
Não, não me reconheço diante o espelho.
Não é o que eu me permiti, vai além.
E quem fala agora a vós... Quem?
Uma louca, às vezes rouca.
Solta e veloz
Que corre dessa sombra desconhecida
Que me revela a ferida que
Um dia fechara com nós.

Diva Brito
06/11/2006

segunda-feira, 6 de novembro de 2006

Hombridade cor de jucu
vê como contempla esperançoso
a sobretarde de um céu azul?
Espia como não mais se esconde...
Descascou de si medos e temores
E com vontade ressuscitadora,
fez escoar o que não lhe cabia mais.
De si já emerge uma leveza sinfônica,
que agora ecoa pelos seus lábios.
Lábios esses que buscam seus pares.
Com desejo veemente destes encontrar.
Faz-se explícito suas todas virtudes,
e seus admiráveis e raros valores,
que assim brotaram diante das dores
que o imundo mundo quis lhe presentear.
Ai, dos simples mortais que não sabem
que na verdade ainda nem cabem,
tanta evolução em si semear.

Diva Brito
19/10/2006

(inspirado em Marcelo Xavier)

sábado, 4 de novembro de 2006

Quinta-feira à tarde descobrem o corpo de uma jovem no quarto do seu apartamento. Na cama, ela enrrolada num lençol ensanguentado e com uma facada na nuca. Ao lado do corpo, um ramalhete de flores e uma carta de amor. Um jovem escreveu aquela carta de despedida e levou para a ex-namorada as flores. Na carta trechos onde ele dizia que se ela não fosse dele não seria de mais ninguém. Ele dizia que a amava.As pessoas, em sua maioria, não amam. Deturpam o sentido do sentimento AMOR quando em vão, pronunciam EU TE AMO. O verdadeiro amor aceita os outros, mas não se submete; o verdadeiro amor não é munido de posse, portanto, não se enciúma; o verdadeiro amor não depende, vincula. Amar não é difícil. Difícil é desassociá-lo dos vícios humanos. No fundo, todo mundo tem a capacidade de amar. Basta não entorpecer o AMOR. Quem ama cuida, mas não faz no lugar do outro.Amar não é ter pra você, é ter com vc. O amor é cheio de paz, confiança e amizade. O amor não esconde, nem mente. O amor acima de tudo NÃO MATA.
Diva Brito
02/06/2005
23:52 hs

quarta-feira, 25 de outubro de 2006

POESIA HUMANA PRUM POETA EXATO

Outro dia, conheci um poetinha,
Com palavras macias
E de sorriso doce.
No meio do meu sonho
Ele se apresentou cortês,
Segurou-me pela mão,
E me embalou numa dança
Ô poeta, porque só me vens em sonho?
Porque não posso tocar-lhe?
Mostrar meus planetas de flores?
Palavras não são só brinquedos,
Se brincares quem sabe apaixono.
Seu cor4ação é de amores
Tão densos e assim tão puros...
Me dá um pedaço do céu?
Ou um amor de papel?
Que eu jogo meus medos no vento,
E te trago um anel de Saturno.


Diva Brito
19/03/2006

terça-feira, 24 de outubro de 2006

Me ame com paixão,
Não me traga bons modos
Se eu pedir, me bata,
Se eu quiser, me xingue
Não me faça de dama,
Porque meu bem na cama
Sou sua mulher.
Sim, me fale palavrões
Me chame por nomes feios
Faça indecentes observações
Faça eu me “sentir carne”
Vai, e se despe vez ou outra
Do que te trava a boca
De me falar besteiras
E outras coisas obscenas
Pois sacanagem um pouco,
Meu bem, nunca é demais.
Porque eu só nasci boneca
Mas a muito que erras
Em me preservar.
Quero me sentir viva
Mulher e desejada
Não fico conformada
Só com teu afeto
Eu quero seu incesto
Quero em ti me embriagar.
Me queira com furor
Me tomes com fervor
Me diga o que lhe ferve
O que de mim tu queres
Me faça seu brinquedo
Às vezes sua escravaMe conte que pedaço
De mim você mais vê
Como quer que lhe toque
Que se eu fizer te provoque
E desperte o bicho em você.


Diva Brito
10/2006

quarta-feira, 18 de outubro de 2006

Dia de tempo aberto
Daqueles em que o sol
Arreganha as pernas
E que permanecem abertas
Pra seduzir quem vê.
Dia de céu limpo
Como um presente.
Depois de desembrulhado
Aberto, amostrado,
Pra surpreender quem vê
Dia de alma lavada
De coração aberto
Dizendo na cara
O que vem de mim
E só você não quer ver.

Diva Brito
16/10/2006

sábado, 14 de outubro de 2006

Meu beija-flor vôou.
E eu estou aqui
a esperar a sua volta.
Como a moça que se senta
na pedra que beira o rio,
E conta os dias
pra aquela flor que nasce,
se abrir em cor,
perfume e paz.
Mas logo o beija-flor volta,
e me encontra
na pedra a sua espera,
Ele me beijará feito rosa,
E me envolverá
de felicidade eterna.

Diva Brito
13/10/2006

Dentro de uma mulher
tão polida por sua lida
e dentro daquele universo
de flor, de riso e de justiça
faz crescer uma forma de existir.
Forma de ser única e de ser igual,
de ser mãe de uma maneira especial,
de ser poeta, bailarina, jornalista,
de pra conseguir o que quer,
ir à luta e se fazer artista.
Artista do instante que se segue,
da maneira com que informa breve,
de mover o sentimento latente em si,
de reverenciar amizades puras,
de deixar surgir essa mulher madura,
e despropositadamente você aparece assim
dentro das cabeças, dos risos, dos peitos,
e da alma de quem de ti pode desfrutar.
Chega displicente, quando se precisa
Traz consigo abraço e palavra amiga
E avassaladoramente vai ficando aqui.

Diva Brito
14/10/2006

(Inspirada em Roberta Oliveira)

domingo, 8 de outubro de 2006

A ORDEM DOS FATOS.

Se fosse...
Era.
Colheu
e trouxe.
Houvera
de novo
à noite.

Diva Brito
08/10/2006

quinta-feira, 5 de outubro de 2006

SIM

Não esquecerei de colher teus beijos-favo
De todos os dias anoitecer nos teus braços
E de fazer do teu sorriso um quadro
E assim eternizá-lo pra mim
Terei o cuidado de cobrir-te com dengos
E proteger-te do frio que maltrata
Se um de nós do outro se afasta
E quando tu só vens no sonho luzir
Não esquecerei, amor, de dizer-te,
E dizer inúmeras vezes
Que o sol inveja tua realeza.
E dizer-te também toda manhã
Nos dias que começam e virão
Mais um “sim”, cheia de certeza.

Diva Brito
29/09/2006

quarta-feira, 27 de setembro de 2006

Ele se esconde num corpo muito menor que sua alma.
Fica ali, apertado, sufocando sua alma,
Morando dentro de um corpo que não lhe cabe.
Uma alma tão grande, presa em matéria tão comum...
Deveria ter vindo luz, água ou som.
Podia ter vindo vento, pra espalhar esse tom.

Diva Brito
27/09/2006

(inspirado em Marco Ladeia)

segunda-feira, 25 de setembro de 2006

Aí vem ela toda certa
Toda bêbada de suas certezas
Espalha na mesa as cartas que ela
Supõe que ganharão a partida.
Aí vem ela completamente extrovertida
Inverte as posições em que as expõe
E de repente...
Pra sua surpresa,
se pega vencida, derrotada.
Ela não tem muito o que fazer...
Aí pede a revanche!


Diva Brito
25/09/2006

terça-feira, 19 de setembro de 2006

CONTO

A bailarina

Naquela manhã de verão, ela acordou se sentindo a garota mais bonita da cidade. Na verdade isso não era pretensão de sua parte. Porém, existia naquela vaidade matinal uma colher e meia de malícia. Marina percebia que havia começado a transformação do seu corpo, e que, sobretudo, já possuía um dos rostos mais perfeitos daquela região. Um rosto angelical, olhos azuis e arredondados, sobrancelhas naturalmente bem desenhadas, maças salientes e coradas, um nariz fino e arrebitado, cabelos num tom escuro, lisos e que se encontravam na altura da cintura daquela doce menina. Marina era a bonequinha da família e como se não bastasse filha do prefeito daquela cidade. Levantou muito mais cedo do que de costume pra se arrumar pro tão comentado desfile. A fanfarra da escola era tradicionalmente conhecida nas redondezas pela afinação e pela pompa com que se apresentavam em todas as datas comemorativas da cidade.
Ela corre pro banheiro. Tira a camisola de menina moça e entra no chuveiro, assim, como quem encena um comercial de sabonete. Olha os pequenos seios que depois de despontados já cresciam com uma forma arredondada e intimidadora. Tocava também sua cintura, que havia afinado consideravelmente. Seu quadril mais largo e seu bumbum proeminente a deixavam uma moça bastante atraente. Marina já completara os 17 e estava se preparando já pra sua festa de aniversário de 18 anos. Mas era engraçado, pois aquelas transformações se iniciaram paralelas ao período da sua primeira menstruação, mas só agora ela realmente se via como uma mulher, e não mais como menina crescida. Essa visão que ela acabara de ter, talvez demorasse mais ainda de chegar às mentes de alguns homens de seu convívio, como seu pai, seus primos e tios, os colegas da escola com quem estudava desde a alfabetização, e os amigos da família.
Veste toda a roupa de bailarina e entre uma peça e outra ela relembra os passos que houvera ensaiado. Marina core no quarto da mãe e chama pra que venha fazer sua polpa – era sempre ela que penteava a filha pros eventos. Os fios muito lisos teimam em escorregar das mãos da mãe, mas como já havia pratica m penteá-la, Consegue em alguns minutos formar a polpa do jeito que Marina adora. Depois de arrumada a menina desce e toma um suco. Experimenta o bolo que a mãe fizera, e que era o preferido dela: bolo de fubá. Marina faz os últimos retoques na maquiagem caprichada que fazia pros eventos mais importantes. Um batom vermelho nos lábios, blush nas maçãs já naturalmente coradas e muito rímel.
O pai já está na sala com a mãe já arrumada, ambos esperando pra levar a filha até a concentração do desfile.
A coordenadora do evento, posiciona corretamente os componentes da banda e anuncia que a fanfarra vai sair.
Marina graciosamente dança à frente da banda. Com o seu sorriso que havia esquecido de comentar, mas que só intensificava a beleza de princesa com a qual a menina já nascera. Os rapazes da cidade admiravam a beleza estonteante de Marina como algo quase que intocável. Como se a menina fosse uma princesa presa na torre e só sendo muito nobre e corajoso pra se casar com ela. E era, com certeza a mais bela e bem educada menina da cidade, coisa que a fazia “sonho de consumo impalpável” a todos eles. Além do mais, a figura do seu pai projetava nela mais ainda a figura de bibelô de estante.
E aí, na frente da fanfarra, vem a bailarina insatisfeita que olha pros rostos que a fitam com aquela infinita ternura.Ela para a banda e retruca:
- Ei! não me olhem assim! Não fui feita pra enfeitar, não vou aqui iludir.Coloquei esta meia transparente, um decote generoso, um maiô bem curto, essa sainha de filó super sensual, e ainda estou com as pernas de fora e vocês me olham com essa inocência intragável...?
Do fundo da fanfarra solta bem alto um dos trompetistas:
-Ó...já que pode falar,moça, cê tá gostosa pra caralho!

Marina se vira com um riso de quem estava agora sim, se sentido mulher. A banda recomeça e fanfarra prossegue, agora assistida por olhos famintos sobre a bailarina satisfeita!
FIM.
Diva Brito
19/09/2006

sexta-feira, 15 de setembro de 2006

Rasga essa felicidade na boca,
Rasga essa coisa contida
E tão condensada em você.
Vai menina, e rasga mesmo
Essa sua displicência eterna,
Que camufla nessa moça etérea,
Uma submissão ao que a vida decide.
Ah, mais isso é só cinema,
Arte que mais se aplica a ela,
Que dirige, produz e contracena,
O que no seu filme decide ela.

Diva Brito
14/09/2006
(Inspirado em Brisa Dalilla)

quinta-feira, 14 de setembro de 2006

Eu sou letras, palavras,
soltas ou arrumadas,
sou um invento,
um contentamento sem cor.
Sou o que não tinha que ser,
ou se tinha, quem vai saber?
Sou movida a amor.
Sou cheia de coisinhas minhas
que aprendi com Mai
a guardar em caixinhas,
e é isso que sou.

Diva Brito
28/06/2006

quarta-feira, 13 de setembro de 2006

ACEITE

Meus versos não precisam ser seus
E não mais o serão desde esse tempo.
Aceite que você não teve tato,
Não soube perceber minha alma,

Com os seus olhos acerados,
Fez do meu peito calabouço
Onde eu mesma me esqueci.
Mas isso é finito, meu bem.

Aceite que eu achei aconchego
Numa alma que enxergou a minha
Num peito que libertou o meu

Num coração que curou minhas feridas
Num amor que não se finge, não!



Diva Brito
14/09/2006

domingo, 10 de setembro de 2006

Passeio vez ou outra, meio perdida, às margens do que penso, do que escrevo e monto. Quando isso acontece, procuro manter o equilíbrio e tentar voltar a linha de pensamento de onde me exportei. Essas aventuras as vezes me prendem por horas e horas. Sem que o ruído do mundo me desconcentre.

Diva Brito
02/09/2006

Mudanças, todas intensas
Isso é o que explica Milena
Fazendo tudo valer a pena
Mesmo que a dor não seja pequena
Lirismo e sedução em cena
Quando o vento assanha suas melenas
Se ama, ama ainda mesmo que não tenha
Sua arte, quem sabe um dia o mundo entenda.

Diva Brito
09/09/2006

sexta-feira, 8 de setembro de 2006

O céu de hoje me deixou angústia nos olhos.
Cerrado, carregado, como se tivesse absorvido
toda a dor desta minha semana.
O céu de hoje trouxe um vento
anunciando um fado sofrido.
Mais? Já não lhes basta
olhos constantemente úmidos
e corpo encarangado?
Tentando reagir do caos íntimo
em que me entranhara,
hoje ensaiei entoar um canto.
As pontadas no peito me fizeram
desafinar nas notas mais altas.
É, desisto.
Pra quem tem a saudade amargando,
resta calar e ouvir a noite.

Diva Brito
08/09/2006
20:33 hs

quarta-feira, 6 de setembro de 2006

Involuntariamente algumas coisas acontecem.
Como por exemplo as minhas lágrimas tão contidas
quando resolvem se suicidar.
Lançar-se desenfreadamente da cavidade dos meus olhos.
Nesse exato momento queria algo que estancasse meus olhos.


Diva Brito
06/09/2006





sexta-feira, 1 de setembro de 2006

BONECA DE VIDRO

Sou uma poetisa burra
Daquela que se arrebenta
Mas que não aprende a desamar

Sou o aquele tipo de mulher
Que por azar um dia aprendeu
Que não se deve o outro machucar

Sou uma menina tosca
Que deixa escapulir da boca
Quando decide amar

Sou então uma boneca de vidro
Que se cair, eu duvido
Que outro alguém possa colar.


Diva Brito
01/09/2006
10:30 hs

terça-feira, 29 de agosto de 2006

VEM, MEU BEM.

Vem grande, assim inteiro,
chegando imenso em mim.
Vem quando se intercala
nas minhas roupas,
se perde em minha'lma,
vem com todos os pedaços
soltos, que se encaixam.
Vem fugir do medo,
contar segredo,
correr no seu mundo,
que é meu corpo inteiro.
Vem assim valente,
ou vem homem tolo,
tonto de vontade
ser cara-metade.
Vem que eu te busco,
que eu só te procuro,
e que só te encontro,
entre minhas pernas,
entre os meus medos,
quem sabe entrelaçado
entre os meus cabelos.
Quando ali, terno,
você me acolhe,
e me acalenta,
vem e não demora,
meu fôlego aguenta,
vem pra me curar
do mal que eu me fiz.
Vem ser minha escola,
fingir ser meu rei
vem, mas me namora
do jeito que fez
quando os teus olhos,
num mundo de olhos
conseguiram mansinho,
de vez me prender.
Solta eu me sentia,
meio rodopiando,
sentindo, exaurindo,
tudo de uma vez.
Eu quero teu colo
teu corpo, teu choro,
quero te acender.
Vem que tá na hora,
meu bem, não acorda,
se só o que eu posso
é no sonho te ver.


Diva Brito
29/08/06
19:00 hs

segunda-feira, 28 de agosto de 2006

Quanto mais o tempo,
insiste em se arrastar...
Mas ela insiste em esperar.
Ela ficava olhando a linha do mar,
esperando o dia em que
ele voltaria então de vez.
E ela insitia em não chorar
e guardar pra ele a beleza da tez.
Manter-se enfeitada com sorrisos,
E perfumar-se com flor lilás.
Ela esperava e ainda espera,
o dia do seu coração estar em paz.

Diva Brito
22/08/0613:38

terça-feira, 22 de agosto de 2006

FODA-SE

Eu quero uma noite inteira pra morrer
Pra me embriagar com isso
E se for morrer mesmo
Tem que ser de tédio

Eu quero uma noite inteira pra odiar
Pra fingir perdão e sorrir mentira pra você
Pra você todo o seu amor e toda a sua Ela
E o que não é e nunca foi meu.

Eu quero uma noite inteira pra fumar desprezo
Pra me fazer o que seja e golar cicuta.
Eu não quero a noite inteira não, pensando bem,
Eu quero só uma fração de tempo, pequena assim,
Que considere satisfatória pra te falar: - Vá se foder!

Diva Brito
03/2006
(madrugada)

terça-feira, 15 de agosto de 2006

COM CARINHO, AÇÚCAR E AFETO

Impossível de mensurar
O tamanho de sua alma,
Seu espírito de velho sábio,
Como de quem carrega consigo,
Algo sensual e um tanto mágico.
Um andar de fêmea madura,
Lábios de fruta doce,
Uns olhos úmidos de rio,
Sempre tão profundos e sedutores.
Não, ela não quer confundir,
Mas não vai também se mostrar.
E é no seu passos que ela leva
Um ar de profundo mistério.
Mas no fundo, tudo que ela quer dar
É "carinho, açúcar e afeto".

Diva Brito
15/08/2006
11:47hs

( inspirado em Lara Kauark)

sábado, 12 de agosto de 2006

"Há um calor pesado
Que me leva a um infinito profundo
Outro mundo
Onde sobrevivo de desejo
E ao que vejo, meu pejo
Detém a força desse calor. "

Brisa Dalilla
29/03/06

sexta-feira, 11 de agosto de 2006

O futuro me abraçou.
se mostrou pra mim
com ares cordiais.
Ele tenta aparentar
uma inofensividade,
na busca pelo momento
em que eu perca
meu pavor do previsível,
e tudo que é planejado.
O futuro me esnoba.
Como se tentasse
me esfregar na cara,
e dizer com ares
de "dono da verdade":
- Eu já sabia!
O futuro é amanhã,
ou seja, tenho 24hs
antes disso.
Diva Brito
11/08/2006

quarta-feira, 2 de agosto de 2006

POEMA DA ATRIZ

Hoje é mais um daqueles dias
Em que a dúvida vai te inquietar.
E entorpecido pela incerteza
Você irá permanecer, pois,
Nada do que foi dito ou escrito
Pode ser considerado verídico.
E reverenciando o poeta
O que eu ganho, o que eu perco
Ninguem precisa saber.
Sei, mas não se esqueça
Que a certeza será sempre minha
Do que é ou não é,
E nem mesmo minha face
Te revelaria a verdade,
Pois eu sou o que quero ser
E você sempre será o que é.

Diva Brito
25/07/2005
14:35 hs

terça-feira, 1 de agosto de 2006

A TERRA

Dia cai, noite sobe.
Lua nasce e o sol morre
Acompanha o rio que corre
E a água que socorre
A terra que é possui um corte
De tão seca e pobre
Que não há quem note
Aquela ferida que é só um corte
Aquele povo que ainda sofre
Enquanto o dia sobe e a noite cai
Enquanto sol nasce e a lua morre.

Diva Brito
1999

segunda-feira, 31 de julho de 2006

AQUELE MOÇO.

Ele é como uma fagulha, daquelas que nunca se apaga, o vento não mata, só fortalece. E ele sempre me escapa, quando vem, surge e ressurge. Mas, sempre teima em partir sem deixar marcas, rastros, só mesmo o meu desejo que deve mesmo se manter discreto. Resta então saber que você existe e que passa por mim como um tufão, mas, que não é meu.
E aparece com um ar de raposa, com andar imponente e simultaneamente sutil e um olhar assim de penumbra. Assim horas com nuvens nos olhos que tanto atraem, mas não se permitem penetrar, horas com um redemoinho hipnótico que me despe delicadamente, com muita naturalidade, e quase que não me dou conta.
E eu até tento não transparecer, venço a batalha de o corpo não falar, finjo bem, não sabe? Mas é que esse diabo com cara de bom moço e jeito de gente que não se desmancha, sem muito esforço me desconcentra, me provoca, sabe ler minhas reações e ler o que meus olhos, ao contrário dos meus gestos, acabam por revelar. Ele sempre me deixa rubra, como ninguém mais consegue deixar.
O pior de toda essa história não é só minha vulnerabilidade, o pior é que ele brinca com essa atração. E eu, já inebriada em sua graça, por pouco não me banho nessa fonte de prazer. Abduzo-te, prendo-te e busco com ânsia aquela boca, donde ouço uma voz delirante que de início me paralisa os sentidos e logo em seguida enfurece meu desejo adormecido que renasce cada vez que você vem.

Diva Brito
2005

sábado, 29 de julho de 2006

INTEIRO

Sentir você por entre suas coxas
Me despir por inteiro da carapaça
Suas mãos descendo minha nuca
E minha língua com ar de pirraça.
Os meus cabelos num só embaraço
E eu a me afogar nesse urgente apelo
Agarro tão sedenta que nem sei se ajo
Somente por sede ou por desespero
De não querer conter o que aguardo
Que é de sentir cumprido o seu desejo.

Diva Brito
28/06/2006

terça-feira, 25 de julho de 2006

À VANGUARDA

Quero as luzes acesas,
Quero toda transparência,
Nas cores e imagens.
Eu não alcanço esse atraso.
Se for loucura, ou euforia,
Não importa.
Estou sozinha,
Preciso sempre ficar sozinha.
E o que eu mais preciso,
Na verdade ninguém imagina.
Ando por um chão
Que vez ou outra me falta,
E ainda assim,
Querem roubar meu céu.

Diva Brito
09/07/2005

domingo, 23 de julho de 2006

MORENO DOCE

Olhar penetrante é o que se perde
Nas últimas ondas do horizonte
Será dúvida, ou medo
O que impera em seus segredos?
Será longa ou curta
Sua estadia em meu peito?
Tens lábios com fala tão macia
E doces são os beijos desses lábios
Ou será mel de um fruto amendoado?
Talvez do birro que cresce esperado
Pra fazer o doce do fruto do teu pecado.
Tendo beijos entorpecentes
Com leve sabor de chocolate
Que sol não nascerá contente
Para dourar-lhe a face?
A tua cor... Ah!
Ela me aquece os olhos
Acho mesmo que a sensualidade
Até o veste displicente
Com essa cor que irradia desejo.
E assim, sem esperar
Um sorriso teimoso surge acanhado
E mesmo antes que se fosse
Já deixou seu legado:
A alegria me trouxe!
Moço, a duvida me assola
Será ferida aberta no rio do teu peito
O que te endurece
No instante em que me sentes?
Ou será cautela,
Essas mãos inquietas
Escondendo-se do próximo ensejo?

Diva Brito
20/03/2006

sexta-feira, 14 de julho de 2006

CRÔNICA

Meu Deus, mas o que são as mulheres e homens no Orkut?


A Internet como vitrine, o Orkut como cardápio. Então não é assim que homens, mulheres e crianças se servem? Como o mais novo e saboroso prato da casa? Pois não são caras e bocas e perfis cheios de evidências da mega popularidade que possuem os seus membros? Esse site de relacionamento dá sensação de FAMA, de estrelar seu próprio comercial, de oportunidade de divulgar seu próprio book. Sim, mas não são mais importantes as fotos sensuais (muitas delas sexuais), que cortam a cabeça e enquadram só os corpaços que as lentes produzem, os cabelos que os ângulos transformam, e o resto todo que fica por conta do Photoshop? Claro! Além de não podermos esquecer da perfeição de vida maquiada que é estampada em álbuns e ostentadas em perfis. Ou ressaltam suas intermináveis virtudes ou forjam uma provocante revolta e mandam os visitantes ao inferno. Com certeza a massa ignorante não se lembra dos benefícios que essa indubitável grande idéia pode lhes oferecer. Sim, porque encontrar pessoas afins, com projetos, profissões, gostos musicais em comum me parece muito interessante. Além da possibilidade de se encontrar aquele amigo ou parente que os desencontros da vida levou a quilômetros de distância de nós. Sem contar que o que poderia servir como uma nova porta pra troca de conhecimentos e informações, ou atépra facilitar a comunicação saudável entre diversos povos de diversas crenças, se tornou uma rede de sexo, drogas, prostituição com perfis completamente erotizadose comunidades inúteis. Afinal, 'fóruns não estão com nada, o importante é fazer comunidades e mais comunidades pra embalagem da margarina que você usa ou pra futilidade mais conhecida no mercado'.
O Orkut também pode destruir namoros, casamentos, famílias, amizades, como jáacontecia em chats, e outros sites da rede mundial de computadores. Mas o Orkut apresenta algo peculiar, que éo fato de qualquer um poder ler qualquer perfil e ter acesso ao Scrapbook (página onde se deixam os recados pra o dono daquele perfil), o que rotineiramente acaba servindo como fonte das mais diversas informações para os detetives amadores que se escondem em perfis falsos pra assistir diariamente cada capítulo deste estúpido reality show. É incrível como conseguiram seu próprio idioma recheado de meiguice forçada ou de frases de auto-afirmação. Nunca o teclado foi tão explorado como nos últimos tempos. São símbolos que se intercalam com nomes e o diabo a quatro que inventam pra se enfeitar - eles devem sofrer em não poder mudar cores, fontes, formatos daquela página azul engessada. Os nobres da Academia Brasileira de Letras, ah, esses devem revirar-se em seus caixões ao ver os maus tratos que esses orkuteiros submetem o bom português. Afinal, a nossa língua deu lugar a um novo dialeto, cheio de x, w, y, k e outras aberrações. Não, não falo isso como quem se sente uma imortal, falo isso como quem levou anos na escola decorando verbos e aprendendo a ler e escrever, ortografia, pontuação, e o escambal, pra então ter que depois de alfabetizada se deparar com esse idioma internáutico que mais parece grego. Além de tudo isso, não poderia deixar de tocar num ponto delicado quando se é membro desse site. Sim, mas qual é mesmo o limite de intimidade que alguém pode ter com você pra te adicionar como amigo? Eu me deparava com minha lista de contatos no orkutaté a semana passada e pensava: Quem aqui já me deixou um recado, já registrou sua presença de qualquer maneira em minha vida? Só porque nós estudamos no mesmo colégio, ou porque moramos na mesma rua, ou temos o mesmo dentista? Não. Eu não sou seu amigo, não vou lhe adicionar! O que não me enquadra no papel de inimigo ou algo parecido. Essa gente eu não sei não... Algumas pessoasque me adicionaram, deixaram recado com beijos e o tradicional: - Apareça sumida! E me encontra na semana seguinte no mesmo elevador e fingiram que nunca me viram na vida. Aí tenha dó. O Orkut, meu querido leitor, até poderia ser um saudável site de relacionamentos, mas infelizmente como as grandes idéias da humanidade, também nunca será usado para a construção de mentes e outras idéias produtivas. Vai continuar sendo um site de busca de peitos, bundas e souvenires.


Diva Brito
05/07/2006

segunda-feira, 3 de julho de 2006

EM CONSTRUÇÃO

Aviso aos leitores deste blog que ele estará fora do ar hoje, pois estou fazendo uns ajustes no template.

Obg. =]

dalilla
http://entojo.blogspot.com

quarta-feira, 21 de junho de 2006

Saudade é um arrepio frio e cálido, é uma sensação de angustia, embaraço, é um aperto ruim. Sentir saudade é uma mistura de prazer e tédio, é uma sensação de imóvel abandonado, de armário vazio, de descompasso.
É querer fugir pra um lugar que não sabemos qual é, e querer vomitar o alimento estragado ingerido. Não sentir saudade é nunca ter sofrido e sofrer no fundo é bom.
O sofrimento é a chave das nossas mudanças. Dizem que ou mudamos pela dor ou pelo amor. E no fundo a mudança pela dor é a que se estabelece, que dura.
Saudade é ao mesmo tempo não gostar, e querer de volta. É o incômodo de que quem abandonou e não fechou a porta. É ser nostálgica e entristecer.

Diva Brito
21/06/2006

terça-feira, 20 de junho de 2006

POSSESSÃO

São bocas e barrigas que se confudem
Peitos e quadris que se embalam,
Como num vôo livre onde o sangue pulsa,
Ferve, dilata as veias e umedece as partes.

Cores que se cruzam
E olhos que me buscam com sua vividez,
Mãos que me visitam e me mostram
O seu desejo incessável e vulcânico.

E já possuída sem ser posse,
Não encontro mais o temor,
Que me assolava e aprisionava
Naquele abrigo que se desfez.

Inebriada por várias descobertas,
São novas sensações que me despertam
De um sono outrora trépido,
E me conduzem nesse passeio luxuoso.

Diva Brito

segunda-feira, 19 de junho de 2006

Vem meu menino doce de olhar esperto,
Vem bailar constante,e florir meu deserto,
Vem que você me olhar é arrepio certo
Vem ser meu desbravador de emoções.
Vem que meu querer antes tão incrédulo
Hoje tem no peito sem mistério
Um amor que encoraja nossos corações.

Diva Brito
18/06/2006

domingo, 18 de junho de 2006

VIAGEM URGENTE DE UM CASSETA

Morre um sorriso, um sorriso frouxo
De ser de vez em quando sorriso maroto
Morreu de repente um anjo bom
O humorista tem um mistério
Uma magia, ele é meio esotérico
Parece que Deus os enviou
Pra apasiguar tanto tormento
e nos trazer um contentamento
Que o mundo cru nunca nos deu
Morre um anjo, duende do riso
Simplicidade, talento prodígio,
De alguém que era um carnaval
Partiu então p'rum planeta distante
Continuar a aventura errante
de redigir alegria no céu
Viaja um casseta de maneira urgente
encerrando a cena que fazia contente
Um país tão cheio de mal.

Diva Brito
17/06/2006

sábado, 17 de junho de 2006

O GALÃ

Se fosse pra ser antes,
antes de tudo, ou durante,
não seria então o que és.
Não teria essa alma pura
Não teria um olhar de ternura
Quando quer dizer mas não diz.
Se fosse só figurante,
ou um mero viajante,
se fosse só aprendiz...
Mas é mestre, e galã constante
daqueles que o povo diz
Que nada pode tirar o viço,
Que já nascera com brilho
e é dono do seu nariz.


Diva Brito
12/06/2005
00:26


(Poema inspirado em Karim Midlej Harfush)





quarta-feira, 14 de junho de 2006

QUERER DE MORTE

Chame por aquela voz que foge
Talvez ela volte a sucumbir
Se for querer, queira de morte,
Queira até padecer
Até sair a última gota

Destroçado de tanto querer
Se for querer queira de morte
E ame de tanto morrer.

Diva Brito
18/07/2005
20:38

domingo, 11 de junho de 2006

O FÔLEGO

Que o meu fôlego
Te procure no escuro
Não te permita dormir,
E te prenda sempre em mim.
E que não penses em imaginar
Realidade fora do meu corpo,
Ou amor fora de minha'lma.
Que a chama eterna dos teus olhos
Nunca desapareça
Que nesse teu íntimo
Nunca pereça,
A esperança de me ter.
Que o meu nome eternamente
Ressoe no teu eco
E quando o vento
tocar-te o rosto,
Te lembres das minhas mãos
Que te vasculham sem pudor.
Que a chuva que te molha,
Exale assim o
Cheiro do meu corpo
Que tua sede te guie
Aos meus lábios.
Que saudoso agora estejas,
Da minha leviandade
Da minha aparente ingenuidade,
Da minha língua na sua vontade.


Diva Brito
12/07/2005
23:11 hs

domingo, 4 de junho de 2006


Meu coração anda jogado num canto úmido da sala ecura.
Não dispõe de amor que o faça reagir,
E apesar de sozinho, desalmado
Ele espera um bom homem
Que eu nunca vi.

Diva Brito
24/05/2006

P.S.: Eu vi o homem, e ele me sorriu e me segurou pela mão...e eu me senti feliz!
30/05/2006

sábado, 3 de junho de 2006

O FIM DA HISTÓRIA

Você que nunca foi meu
Hoje rompe os laços

De uma eternidade insegura
De um amor inacabado
E deixa-me sem nunca
Ter mergulhado nessa ilusão

Desse amor que me atinge
Que me envolve em dor

Que me cega, me fere
E que me leva a desfalecer
Mas, que burrice...
Não, não é esse amor
Que eu deveria ter.

Vou te estirpar dos meus planos
E gostos, hoje tão definidos
E declarado o instinto de permanecer

Com essa insistência boba
De buscar teu colo,

Quando na verdade é um beijo,
Seu corpo e seu cheiro,

O que não pude ter.

Diva Brito
12/09/2005


quinta-feira, 1 de junho de 2006

ARRUME SUAS MALAS


Pra que não se alongue em demasia,
Peço que se mude de dentro de mim
Arrume suas malas, bata a porta e só!
Tire sua boca do meu pescoço,

Recolha os seus olhos da minha frente,
Não deixe suas mãos espalhadas pelo meu corpo
Leve com você o calor dos seus beijos.
Não quero que nada fique aqui

Pra que não me torne à memória
Nas noites em que o vazio me visitar
O que você me fez e como me transformou.

Descubra-me do teu corpo
Porque essas vestes já não desejo ter.

E enfim, sem demora, se mude.
Arrume suas malas, bata a porta e só!


Diva Brito e Brisa Dalilla
2005

terça-feira, 30 de maio de 2006



Oi inspiração,
Vem assim tomar de volta esse corpo seu
Vem que estar em mim é não haver adeus

É ter de volta incorporada a minha coragem
É saber que as peças se encaixam quase que sozinhas

Vem inspiração, em mim, e me toma todinha
Me usar, cuspir, a pressa é toda minha
Vem como um arrepio que assusta, mas dá prazer

Vem e preciosa pra aliviar meu coração
Botar pra fora assim tanta emoção
Pra eu falar do amor que me invade.

Vem me fazer baile de versos de luz
Espalhar mágica e sonhar que fui
Morar na ilha da fascinação.

Vem,
Não é tão fácil esse vazio em mim
Sem ter você não dá pra fingir

Que sou feliz sem você na cidade

Diva Brito
30/05/2006

segunda-feira, 29 de maio de 2006

SATUREI

Eu cansei de jogos de sedução, detesto situações previsíveis. Tudo o que se tem montado é vazio, com propósito e cheio de intenções, mas, sem o inesperado, sem o surpreendente. Eu não sei bem porque as coisas são tão certas, acontecem sempre num roteiro, numa seqüência, numa ordem ridícula. Busco o que ainda não sei. Como se algo que eu ainda não sei o que é, fosse surgir a qualquer instante e me desequilibrar em um piscar de olhos.
Não, eu não cansei de seduzir. Mas, é que sedução é quase um estado de espírito, eu cansei foi do jogo, daquela previsibilidade. Mil vezes pular de pára-quedas a noite do que contar até cinco e saber o que vai ouvir. Ter certeza das ações que virão, das falas.
Essas coisas que crescem com a gente, toda essa ordem de ações, toda essa mesmice convencional de cada dia. São tantos costumes, hábitos e receitas pra se amar... Que cansei de fingir que não esperava, de mentir quer não sabia e me enganar de satisfeita e feliz. Quando na verdade sem abrir os olhos, sei aonde vai tocar qual a ordem das frases, quais serão as repetições, os pontos em comuns que já ganham de fábrica.


Diva Brito
2005

sábado, 27 de maio de 2006

RIO REPRESO

E esses seus doces favos estragados
Cujo vívido cheiro me prendia
Já não me prendem com o visgo dos teus braços
Nem me cobre com sua sombra esguia.

E a redobrada paixão que possuia
Com o desatino ela se fez avesso
E o sussuro virou lamento
E soterrou o meu pensamento.

Desperdiçado o sentimento
Que fez minguante o meu amor tão cheio
Meu olhar terno se fez mórbido
E fez terror sob meus anseios.

Trouxe a minha'lma guerra e tormento
E agora é seco o rio do meu peito
Armei barragem pra esse leito
E tudo nele ficou represo.


Diva Brito
19/06/2005
17:50

sexta-feira, 26 de maio de 2006

A GINGA

Você aparece malemolente
Eu me encanto e desejo
Essa foi a ordem dos fatores
A sucessão dos acontecimentosa
Daí surgiu os beijos e as mãos
E a vontade novamente
Sem me prender ou me entregar
E sem jamais acreditar
Foi a sua ginga, seu corpo solto
E seu coração sem dono
Que me seduziram
Cabelo em você todo enrrolado
Inspiração do pecado
Sem compromisso,sem porto
Foi isso que eu vi, e então
Desejei a insegurança
Confesso ter sido este o encanto
Mas você partiu e eu imaginei
Fora um passado gostoso
O provocante virou lembrança
E tu retornas pra me dizer
Tomas meu coração embrulhado
E fazes o que deves fazer?
Não me deleges esse cuidado
De resgatar do passado
Um sentimento esquecido
De me fazer reviver
O que eu tinha certeza
Que já tivesse morrido.

Diva Brito
05/2006

quarta-feira, 24 de maio de 2006

ELA cansou do amor. Cansou dessa coisa fracassada, frustante. Cansou de amar e não viver uma história de amor. Quando um não quer dois brigam, quando só um ama dois não ficam juntos. Viver a síndrome do "se" mata aos poucos. ELA não sabe bem porque carrega "isso" dentro de si. Porque conserva esse instrumento de nostalgia.Mantém isso vivo com uma inevitável esperança de um dia acordar e ver que todo o mundo passou a conspirar pra que dê certo. Mesmo sabendo que essa mágica nunca acontecerá porque o mágico tá a muito tempo sem cartola.ELE alimenta ELA, ELA alimenta ELE também. Vivem esse fingimento não sei o porquê??? Talvez pelos arrependimentos de não terem feito ou não terem vivido. Não acho não fizeram o que deveriam, acho que fizeram o que não deveriam.Depois disso, ou desse "não-isso" ELA cansou do amor. Dessa desventura, desse despropósito, dessa dor, dessa nostalgia. Pra ELA chega!

FILHO AMADO


Amo o filho que nasce em mim
Amo o filho que nem sei se é meu
Amo o filho mesmo que filho não seja
Amo, e o amor de filho mata a saudade
Amo-o pois, ser filho não há quem mude
Amo e mesmo que um dia o amor acabe
Amo esse filho que é amado na eternidade
Amo, e amarei incerta de ser amor ou infinitude

Diva Brito
23/05/2006
20:00 hs

terça-feira, 23 de maio de 2006

INTENSIDADE

Eu nunca fui de talvez, pode ser ou às vezes
Sempre detestei imparcialidade
Nasci pra Intensidade, pra amar ou odiar.
(Indiferença só pra quem não faz diferença)
Pra momentos e épocas,
Geralmente curtas e marcantes.
Lembranças fortes.
Fazer o quê, se as coisas na minha vida
acontecem pra serem breves?
Breves, fortes, inesquecíveis.
Cada uma com seu grau de importância,
mas, todas com importância.
Eu não desisti de tentar viver longas histórias,
inclusive atualmente eu venho tentando.
Vida longa, momentos curtos,
lembranças sempre vivas.
Lembro de algumas fases com tanta nitidez,
de algumas com um pouco de saudades,
de outras nenhum pouco.
Pra resumir....
eu por mim....
Impulso,Intensidade,
Paixão,Intensidade,
sonho,Intensidade,
Desejo,Intensidade...
E por aqui me fico.
E só.


Diva Brito
(2005)

quarta-feira, 17 de maio de 2006

TUA BOCA

Esquece o que tua boca diz
Ela mente
Mente porque na verdade,
Nem conhece e a verdade
Vai ver tua boca sente,
Mas nem sabe
Esquece o que tua boca diz
Ela finge.
Finge não sei o porquê.
Talvez por medo de saber
Ou teimosia.
E desse jeito ela foge
Não sei porque foge
Foge de tudo
O que diz seu coração.

Diva Brito
24/09/2001
19:10 hs


domingo, 14 de maio de 2006

ESCREVENDO

Cabeça desassossegada,
Muitas letras, muitas palavras,
Muito anseio em traduzir,
As sensações que “isso” traz.
Caramba, eu quero dormir,
Mas elas não param de gritar.
Palavras puxam meu lençol,
Com pressa em se ordenar,
Levanto, tropeço em algumas
E deixo a caneta dançar.
Pronto, já chega por hoje,
Eu já me cansei de escrever.
Mas as palavras insistem,
Em não me deixar adormecer.


Diva Brito
08/05/2006

A ILUSÃO DE DORA

Dora, tola, burra e imbecil
Se encadeou numa história infantil
Dora, que adora se iludir
Se atolou e não pode mais fugir
Ô Dora, sua vida é uma casa
Fundada na areia da praia
Que todo outono vai e desaba
E você no verão levanta de volta
Ô dora, esse amor é uma farsa
É no fundo um teatro, Dora.
E na vida você só tem de graça
Comédia, drama e história.

Diva Brito
13/05/2006

PRA REFORMULAR

Invoco a noite pra que ela traga a tona
Os pensamentos sem sentido
À minha triste alma desregrada
E realizar minha condução ao nada.
Ah! Então que venha a noite

E que seu mistério me vincule
E a lua revele em face iluminada
Aquelas coisas que escondo em mim.
Minguando árduo o e crescendo o terno
Venha cheia de faces oferecendo novo prazer.

O meu rio interno então corre em desatino
Eu expulso o meu silêncio temperado.
Aí finjo uma parte, a outra assumo.
As cores que eu não via, algumas descubro.
Ganho poetas mortos e acordes renovados.

Antes aquela angústia, aquele medo fosse inútil.
E que tudo que me inspira agora seja real.
Essa eterna falta de chão é meu cisco no olho
Mas, já ta mais do que na hora de eu me dizer sim
Pois tenho a certeza de ter sempre a noite pra me socorrer.

Que o outono traga as minhas escolhas
Um confortável choro de vitória,
Que faça das minhas muralhas apenas degraus,
E transforme meus anseios num rio calmo.
Já que minhas dores massageiam meu coração.


Diva Brito
20/04/2006
12:15 hs

sexta-feira, 12 de maio de 2006


Uma certeza estúpida reluta em não sair de dentro de mim. Nunca conheci uma certeza tão cheia de si, tão crédula. Ela me encara como se no fundo me achasse estúpida por cogitar dúvida sobre ela. Ela surgiu quando cansada de tanto eu negar as minhas intuições, decidiu fazer eu me sentir ridícula em ignorar o que pra ela é o óbvio. Sabe lá de onde surgiu essa certeza, as perguntas que você se faz agora eu já cansei de me fazer. De repente, as perguntas não devessem ser feitas a mim, e se a resposta possa vir de outro alguém. Mas, quem? É meio maluca essa estória, mas, e não duvide que diversas vezes tentei apagar essas coisas de dentro de mim. Cheguei a achar que eu tava pirando, coisa assim, mas não dá. Essa certeza me cutuca dia e noite e às vezes é como se ela gritasse dentro da minha cabeça: - Ei, não ouse duvidar! Ela me faz acordar de madrugada só pra eu perceber que ela ta lá, me desfiando.É chato ter essa sensação dentro de você sem saber porque que ela ta ali. Sem saber por que motivo ela é tão inabalável. Por que ela me rouba o sono. Se no fundo parece ser uma coisa de fora. Não é o que eu acredito, não é ela minha certeza. E ao mesmo tempo, é intrigante porque ela me incomoda tanto... Uma certeza do impossível. Engraçado isso, não? Uma certeza do incerto. E uma certeza insistente, chata, daquelas teimosas. Se um dia eu pudesse ficar frente a frente com essa maluca eu perguntaria por que ela invocou comigo? Às vezes tenho raiva dessa certeza, vontade de poder provar pra ela que ela é chata, insistente e principalmente que ela esteve o tempo todo enganada. Pra vê se ela larga do meu pé. Ou se realiza de uma vez tudo que ela afirma.
Diva Brito
(2005)

quarta-feira, 10 de maio de 2006

SAUDADE DO QUE NÃO TIVE

Lá fora tudo grita agora
E mesmo assim eu te chamo
Teus olhos olham pra outros
E eu reclamo sozinha
O meu desejo esses dias estoura
E eu tô pensando em ficar quietinha
Nesse momento eu sinto falta
De ter você ligado na minha
Curtir palavras cantadas com brisa
E ver teus olhos avançarem o mar
E mesmo diante de toda essa vista
Ouvir-te dizer que não partirá
Que vai deitar na areia comigo
Contar-me um segredo no pé-do-ouvido
E depois de tudo me amar no mar

Diva Brito
08/03/2006

terça-feira, 9 de maio de 2006

A MEU MODO

Fica no céu do teu sorriso
O deleite com que eu sonho
Levo sua voz de poesia
Ao meu sonho tristonho
Transforma meu céu nublado
Em um domingo de sol
São soltas as suas palavras
Que me prendem em seu anzol
São tempos intermináveis
Os que terei ao seu lado
Durante as madrugadas
Em que terás me visitado
Oh! Doce criatura,
Que surge então no meu quarto
Um dia copio o sonho
E ignoro o destino ingrato
Que brinca com os meus “ais”
E faz do sonho tormento
Viajo, desmancho seus laços,
E impero em seus pensamentos
Acolho você no meu peito
Velando teu sono ao meu lado
Noite dessas, assim, eu acordo
E traço o destino ao meu modo.

Diva Brito
02/04/2006

segunda-feira, 8 de maio de 2006

Entediando

Essa cara de sempre me cansa
Prevê-se até o que deveria ser surpresa
Eu queria mesmo era quebrar pratos
Pra alimentar minha rebeldia
Que nasceu comigo.
Mas fico nostálgica,
Porque a rebeldia me deixou
Foi passear por aí,
Num coração pulsante
E o meu - vazio - sente falta.
Pois tudo isso me fazia sentir
O calor do sangue pulsando nas veias
E de poder respirar a brisa fria
Que me fortalece como um todo.

Diva Brito
07/05/2005
23:11 hs




Como eu ia dizendo...
tenho sentido medo de viver um amor de novela.
Quero viver um amor de cinema.
Onde o mocinho não tem meses e meses pra machucar a mocinha.

Carta de Desamor

Eu que por muito tempo
Estive a guardar para ti
Meus versos, meus delírios,
Meus sonhos, e meus desejos.
Eu que te dei de bandeja
Meu coração e tudo
Que havia dentro dele.
Eu que amei de forma
Às vezes egoísta,
Às vezes resignada,
Que suportei sua inércia,
Que aturei outras mulheres.
Eu que te amei de forma visceral
Que te quis como mãe
E como mulher,
Que fingia lutar contra
Todo aquele sentimento
Quando na verdade
Regava-o bem discretamente
Pra que suas raízes
Não me permitissem
Te esquecer
Hoje, dia em que realmente
Posso considerar extinto
E superado esse sentimento desgraçado!
Venho te comunicar que tudo
Que um dia senti
Não sei onde foi parar.

Diva Brito17/03/2006

domingo, 7 de maio de 2006

História que dói no fim

Hoje eu escuto vozes
Que bagunçam meus pensamentos
Será o som dos seus risos
Ou o barulho dos ventos?
Brincando com o que imagino,
Trazendo-me um aviso
O vento que sopra forte
Fala-me do precipício.
Que a alma mesma procura
E do risco que a mim pretendo
Pois não importa se foges
Desses meus – então - desatinos
Sou eu quem procura o bosque
Onde acharei teus espinhos.

Diva Brito
02/04/2006

sábado, 6 de maio de 2006

A menina e a poesia

Menina solta
De meninices envolventes
Capim roçando nas pernas
Abstratividade e graça
Garra. De leoa enjaulada
Com a coragem dentro de si.
Coragem de desfiar o tempo
E correr pela mata
Pra dar tempo de viver tudo.
Menina destemida!
Será que não sabe que viver mata?
Isso pode ser dom ou artifício
Ser de nascença ou ser vício.
A menina solta se solta
E dança bonito com o vento
Mas também canta com a água
O seu en canto o medo apaga
Ela se faz mulher ou moça
De acordo com o que se pede
E de repente como num risco
A moça surge breve
A poesia pode morrer com ela
Ou ela pode morrer com a poesia
Um dia elas se casam
E a menina então desacelera
O tempo corre mais que ela
E a estória fica assim
Era uma vez, um dia,
A moça solta e a poesia
Matando as horas na janela.


Diva Brito
06/05
09:00 hs

* inspirado em Maíra Guedes
(Menina bem-te-vi)

Minha crônica

Eu devo essa crônica a mim mesma. Me concedo essa falta de modéstia. Busco desde muito pequena encontrar a felicidade, e demorei a perceber onde poderia achar. Tive que tomar um curso intensivo e rigorosíssimo com a vida, tipo aquelas sabatinas de colégio. Eu sempre soube que eu não encontraria ninguém igual a mim. Não, calma! Não que eu seja uma perfeita obra prima, é que minhas neuras e defeitos são exclusividades minhas. E eu descobri que quem realmente gosta de mim, ama meus defeitos. Na busca pela felicidade, eu pude enxergar depois de muitas decepções e tristezas que as pessoas não são do jeito que queremos que sejam. E isso não faz de tudo um motivo pra se lamentar. Nunca fui a queridinha da sala, nunca tive muitos admiradores. Nunca fui a Rainha da Primavera, nem a Rainha do Milho. Nunca fui também dama de honra de ninguém. Mas isso não podia ser mais importante que o meu talento pra atuar... Que meu bom humor! Nunca tive namoradinho, nem nenhum coleguinha de sala apaixonado por mim (pelo contrário , me colocavam apelidos, me pirraçavam!), mas percebi depois que você só aceita o que quer e se não aceita algo que te dão, continua aquilo com a outra pessoa. Minhas coleguinhas também não iam muito com a minha cara (até hoje não descobri o motivo), mas aí eu percebi que eu era a melhor aluna da sala, que eu cantava muito bem, que sabia falar em público, e que tinha uma grande facilidade pra escrever. Tá bom, ninguém vive sozinha, mas tive algumas poucas amigas (que uma vez ou outra me decepcionaram e já cheguei até a achar que por isso o mundo iria acabar), e muitos, muitos, mais muitos conhecidos. Tive também alguns amigos homens, que não podiam compartilhar tudo comigo, mas ainda assim me magoavam menos.Sempre atraí os olhares ao redor, ou porque era gordinha, ou porque usava óculos, ou porque brincava com os meninos e às vezes brigava com eles... Ou sei lá porquê!!Descobri que era capaz de ser feliz mesmo com o mundo todo conspirando contra, que eu tinha uma força enorme pra virar a mesa e mudar o jogo.Ainda continuo sendo muito polêmica, ainda existem muitas pessoas que não me suportam, que me criticam, que me julgam. Só que muitas delas hoje me amam , ou pelo menos não me odeiam mais.Me descobri, me olhei no espelho e descobri que eu posso tudo que eu quiser. Que pra tudo dá-se um jeito. E que tenho de agradecer pelo que sou e me orgulhar disso. Que se eu sou diferente ou incomum, tenho que tirar vantagem disso de alguma forma. Nunca vou ser igual aos outros. Como diz uma amiga minha, eu sempre vou chocar e sempre vão me julgar. Enquanto você se importar com isso, vai estar perdendo seu precioso tempo de ser feliz. Bem, eu cresci, e muitas daquelas pessoa hoje me admiram, e muitas delas gostam da minha presença turbulenta. Os meninos que não me olhavam, hoje tomam "uma" pra ter coragem de me queixar. As meninas que me xingavam, hoje falam meio sem jeito, como se eu fosse revidar ou ser grossa por algo que me fizeram antes. Eu não aceitei, por iso não teho nada dentro de mim daquela época. Eu sei que muitos falam, muitos já falarm e muitas ainda falarão e isso não me incomoda. Mas uma coisa entendam, não importa o que aconteça, SEJA VOCÊ !!! Aí está a felicidade!!!


Diva Brito
(2005)

Seu palco

É tudo falso
Desde o seu "te amo"
Até o "pensei em você"
É tudo montado
Pra ter o que quer
Pra conseguir o que quer.
É ensaiado, é cenográfico.
Até o seu abraço, suas frases,
Comentários,seu "alô!"
É também falso.
E mesmo assim, eu nem sei
O que dá em mim,
Que não te cuspo,
Nem te apago.
Mas isso pode mudar,
Se eu virar a mesa tudo muda.
E de repente, amanhã
Eu possa estrear.
Aí você senta e assiste,
Porque o show não pode parar.

Diva Brito
04/09/2005

sexta-feira, 5 de maio de 2006

Meu medo

Como se todo terror viesse de fora.
Mas ele começa no calor do meu peito,
Cresce no meu consciente e me coage.
Antes você não estivesse no meu medo,
Nesse pavor que me sufoca.
Envelheci um século
Por conta desse derrame,
Dessa sobra que não se esvai.
Não quero perder nem esquecer esse terror,
Corro o risco de encontrá-lo mais tarde.
Quero matá-lo.

Diva Brito
09/06/2005
21:44:

segunda-feira, 24 de abril de 2006

Pra você que não é meu

Desculpe eu ter entrado sem bater,
Chegar sem ser chamada,
Ficar sem perguntar.
Talvez essa não seja a fórmula
Ou a maneira mais adequada,
Mas vou sair como entrei.
Sem pedir licença,
Sem olhar pra trás,
Batendo a porta, porém calada.
Foram perfeitos ou quase perfeitos
Todos os risos frouxos,
Os abraços apertados,
Os beijos inevitáveis,
Toda a anossa vontade.
Mas tava tudo fora de foco.
Não pude deixar de enxergar
Sua segurança, sua estabilidade,
Tua habilidade, tua inércia.
Lamento ter enxergado tarde
Mas me alegro por ter enxergado.
Talvez se não fosse minha classe,
Eu chutaria o balde,
Eu armaria um baile.
Contente-se com sua felicidade
Sua monocidade e seu mistério
Eu sou intensa e só vivo por inteiro.

Diva Brito
18/10/2005

terça-feira, 11 de abril de 2006

RESISTÊNCIA

Dane-se esta caramba
Que me deixa em guerra comigo,
Essa previsão de desastre
Essa decadência que me espera
Não vai assim desistir,
Não vai deixar de me perseguir.
E eu que tento evitar,
Só me submeto
À droga que me impõe.
Quero um eco de grito.
Não quero só isso,
E só isso.
Tanto faz se o futuro é manjado,
Quero manjá-lo ao meu modo.

Diva Brito
08/05/2005

segunda-feira, 3 de abril de 2006

Sem mais

Eu quero poder,
no fundo nem sei o que seria,
dane-se o que eu quero.
Acho mesmo que não posso.
Estou cheia das metáforas
cheia dos nossos amores e desamores
do nosso amor e ódio eterno
da minha certeza interrompida
dessa amizade que não cessa.
Talvez, no fundo,
eu não me encha nunca,
mas isso incomoda.

Diva Brito
31/05/2005

A Intenção

São coisas sentidas
Que por fim me pertubam
Onde me perco, me acho
Num copo de intenções

Um corpo insiste
Numa despudorada permanência
Numa delicada exigência
De fantasias reais

E dos olhos que se cruzam
Soa o grito de desejo
Como se já existisse o beijo
Mesmo sem propósito declarado.

Diva Brito
05/2005