segunda-feira, 24 de abril de 2006

Pra você que não é meu

Desculpe eu ter entrado sem bater,
Chegar sem ser chamada,
Ficar sem perguntar.
Talvez essa não seja a fórmula
Ou a maneira mais adequada,
Mas vou sair como entrei.
Sem pedir licença,
Sem olhar pra trás,
Batendo a porta, porém calada.
Foram perfeitos ou quase perfeitos
Todos os risos frouxos,
Os abraços apertados,
Os beijos inevitáveis,
Toda a anossa vontade.
Mas tava tudo fora de foco.
Não pude deixar de enxergar
Sua segurança, sua estabilidade,
Tua habilidade, tua inércia.
Lamento ter enxergado tarde
Mas me alegro por ter enxergado.
Talvez se não fosse minha classe,
Eu chutaria o balde,
Eu armaria um baile.
Contente-se com sua felicidade
Sua monocidade e seu mistério
Eu sou intensa e só vivo por inteiro.

Diva Brito
18/10/2005

terça-feira, 11 de abril de 2006

RESISTÊNCIA

Dane-se esta caramba
Que me deixa em guerra comigo,
Essa previsão de desastre
Essa decadência que me espera
Não vai assim desistir,
Não vai deixar de me perseguir.
E eu que tento evitar,
Só me submeto
À droga que me impõe.
Quero um eco de grito.
Não quero só isso,
E só isso.
Tanto faz se o futuro é manjado,
Quero manjá-lo ao meu modo.

Diva Brito
08/05/2005

segunda-feira, 3 de abril de 2006

Sem mais

Eu quero poder,
no fundo nem sei o que seria,
dane-se o que eu quero.
Acho mesmo que não posso.
Estou cheia das metáforas
cheia dos nossos amores e desamores
do nosso amor e ódio eterno
da minha certeza interrompida
dessa amizade que não cessa.
Talvez, no fundo,
eu não me encha nunca,
mas isso incomoda.

Diva Brito
31/05/2005

A Intenção

São coisas sentidas
Que por fim me pertubam
Onde me perco, me acho
Num copo de intenções

Um corpo insiste
Numa despudorada permanência
Numa delicada exigência
De fantasias reais

E dos olhos que se cruzam
Soa o grito de desejo
Como se já existisse o beijo
Mesmo sem propósito declarado.

Diva Brito
05/2005