Uma certeza estúpida reluta em não sair de dentro de mim. Nunca conheci uma certeza tão cheia de si, tão crédula. Ela me encara como se no fundo me achasse estúpida por cogitar dúvida sobre ela. Ela surgiu quando cansada de tanto eu negar as minhas intuições, decidiu fazer eu me sentir ridícula em ignorar o que pra ela é o óbvio. Sabe lá de onde surgiu essa certeza, as perguntas que você se faz agora eu já cansei de me fazer. De repente, as perguntas não devessem ser feitas a mim, e se a resposta possa vir de outro alguém. Mas, quem? É meio maluca essa estória, mas, e não duvide que diversas vezes tentei apagar essas coisas de dentro de mim. Cheguei a achar que eu tava pirando, coisa assim, mas não dá. Essa certeza me cutuca dia e noite e às vezes é como se ela gritasse dentro da minha cabeça: - Ei, não ouse duvidar! Ela me faz acordar de madrugada só pra eu perceber que ela ta lá, me desfiando.É chato ter essa sensação dentro de você sem saber porque que ela ta ali. Sem saber por que motivo ela é tão inabalável. Por que ela me rouba o sono. Se no fundo parece ser uma coisa de fora. Não é o que eu acredito, não é ela minha certeza. E ao mesmo tempo, é intrigante porque ela me incomoda tanto... Uma certeza do impossível. Engraçado isso, não? Uma certeza do incerto. E uma certeza insistente, chata, daquelas teimosas. Se um dia eu pudesse ficar frente a frente com essa maluca eu perguntaria por que ela invocou comigo? Às vezes tenho raiva dessa certeza, vontade de poder provar pra ela que ela é chata, insistente e principalmente que ela esteve o tempo todo enganada. Pra vê se ela larga do meu pé. Ou se realiza de uma vez tudo que ela afirma.
Diva Brito
(2005)