segunda-feira, 31 de julho de 2006

AQUELE MOÇO.

Ele é como uma fagulha, daquelas que nunca se apaga, o vento não mata, só fortalece. E ele sempre me escapa, quando vem, surge e ressurge. Mas, sempre teima em partir sem deixar marcas, rastros, só mesmo o meu desejo que deve mesmo se manter discreto. Resta então saber que você existe e que passa por mim como um tufão, mas, que não é meu.
E aparece com um ar de raposa, com andar imponente e simultaneamente sutil e um olhar assim de penumbra. Assim horas com nuvens nos olhos que tanto atraem, mas não se permitem penetrar, horas com um redemoinho hipnótico que me despe delicadamente, com muita naturalidade, e quase que não me dou conta.
E eu até tento não transparecer, venço a batalha de o corpo não falar, finjo bem, não sabe? Mas é que esse diabo com cara de bom moço e jeito de gente que não se desmancha, sem muito esforço me desconcentra, me provoca, sabe ler minhas reações e ler o que meus olhos, ao contrário dos meus gestos, acabam por revelar. Ele sempre me deixa rubra, como ninguém mais consegue deixar.
O pior de toda essa história não é só minha vulnerabilidade, o pior é que ele brinca com essa atração. E eu, já inebriada em sua graça, por pouco não me banho nessa fonte de prazer. Abduzo-te, prendo-te e busco com ânsia aquela boca, donde ouço uma voz delirante que de início me paralisa os sentidos e logo em seguida enfurece meu desejo adormecido que renasce cada vez que você vem.

Diva Brito
2005